Saudades...
Quando a noite chega,
Traz com ela o silêncio,
Que em sua fragilidade,
É quebrado pelo meu soluçar de saudades.
Sinto falta de palavras sussurradas,
Desconexos suspiros...
Hálito morno no rosto.
Meu corpo, reclama outro corpo,
Que me aqueça do frio.
Fecho meus olhos para a minha realidade.
E me surgem imagens.
De corpos suados se amando...
Trocando mensagens primitivas, antigas,
Num ritual, de entrega e paz.
Quando a noite chega,
E me cobre com seu manto negro.
Ela me empresta as estrelas,
Para enfeitar meu momento.
Momento de espera...de entrega.
Como deusa pagã,
Ofertada a luxúria, a copular no infinito.
Arrepiando minha pele, com o vento que bate...
Essa brisa suave, companheira da noite.
E, mesmo seu hálito fresco,
Não refresca o calor,
Que se espalha em meu corpo.
Essa sede, esse fogo... de amor.
Dispo a vergonha.
fico nua... sou sua!
Espalho meu cheiro em teu corpo.
Se embriague de mim.
Vem, me beija a boca.
Me deixa bem louca...
Louca de amor.
Louca para amar!
Quando a noite chega,
Meu desejo transborda em forma de seiva,
Que me escorrem e me irrigam a vontade,
A vontade de amar...pronta que estou,
Para as aventuras do amor.
Trago em mim, larvas incandescentes
Que nascem na fonte do meu ventre.
E aquece meu homem.
Poeta, amante,
Sonhado distante...miragem que tenho comigo.
Eu amo teu corpo, teu pensar, desejar...
Te aqueço com meu corpo do frio de estar sozinho.
E me entrego sem volta.
Sem reservas sem medos,
Pois a procura agora,
É saciar meu, teu desejo...
Desejo de entrega,
Desejo de sonho...
Eu, você e a noite!
Observadora
Publicado no Recanto das Letras em 04/10/2005