Trem, Tempo e Chita

O trem passa e o samba toca

O vestido rodopeia o olhar do homem embriagado de si mesmo

O movimento sinuoso faz-se cobra

Entre cada movimento um suspiro puxado

do fundo da alma

O olhar continua a espelhar o rodopear da chita

Ora a contempla

Ora se opõe

a boca já semi-aberta vira depósito de moscas

E mesmo sendo palco das indesejadas

o olhar não acompanha o trem

O trem

rasga o universo dos ventos

balanceia as copas das árvores

rodopeia o destino dos seus

Rodopeia o olhar cristalizado na chita

cores?

vislumbra a embriaguez

o suor pinga do rosto negro

deslizando pelo sorriso falso

que esconde as marcas da trança

que tenta amenizar a areia machucada

Trem

Tempo

Suor e chita

O rodopear de si mesmo.

Rayron Lennon
Enviado por Rayron Lennon em 11/06/2016
Reeditado em 11/06/2016
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