Estático
E lá estava ele
Novamente ali parado
Olhando para o teto cinza
De um quarto frio, isolado
Ouvindo o som da própria respiração
Abrindo e fechando a mão
Sentindo o estalar dos ossos
De dedos finos e calejados
Uma mão dura e marcada
Que já não sente mais dor
Apenas conhece a frieza de toques sem vida
Sua boca a essa altura já seca
Seus olhos irritados, mal se mantém abertos
Seu ouvido com um chiado incessante
O cabelo todo oleoso
Ele consegue sentir o cheiro do próprio suor
Ele se dá conta do chão duro em que está deitado
Percebe que tudo ao seu redor está gelado
Seu estômago está vazio
E nem ao menos reclama
Seus pés descalços e ressecados
Ele se vira de lado
E começa a dormir