Baile de Máscaras
A vida é um ensaio de um filme
Que estreia no dia de minha morte
Sem garantia de grande bilheteria
E mesmo que tenha,
Viver em busca da glória
É sustentar uma espera de lágrimas e aplausos na escuridão,
Sou protagonista de uma história sem roteiro
Usando uma máscara feita por coadjuvantes
Protagonistas para si mesmos
Que esperam a atuação de um personagem
Que não escolhi
Na medida que tento remover
Inutilmente a máscara que dou a cada um
E que também não escolheram,
No final chego a conclusão que todos são máscaras
Deturpadas pelo juízo ínfimo e opaco
Que temos um do outro.
Pergunto quem sou para mim mesmo
Em busca de minha verdadeira face
E não encontro absolutamente nada,
Entendo que minha prepotência em remover máscaras
É uma angústia de não saber quem está atrás da minha,
Talvez nossas acusações pressupostas a identidades alheias
É um desconforto de não sabermos quem e o que somos
Principalmente se tal conduta revela uma fraqueza nossa
Ou o obscurecimento de nosso frágil entendimento,
Talvez toda ação de julgar seja apenas um grito de socorro
Da incerteza que temos de nós mesmos
Esperando uma resposta de aprovação ou reprovação
Para certificarmos como parecemos ser diante do mundo,
E assim construir a máscara dos outros
Conforme esse veredicto é feito no tribunal
De nossa patética carência.