Professor, que tal?

Venha, querido professor

Para julgar a minha arte,

Analisar o meu odor,

Ver se eu cumpri a minha parte

Ou se sou só um mau poeta

Que não enxerga que é pateta.

Diga-me que pensa do cheiro

De meus suados metro e rima,

Analise-o bem e inteiro,

Se é fedor ou perfumaria -

É sua palavra a minha visão

Sou nada sem sua aprovação.

Estou estudando bastante

Para ser um bom escritor,

Eu sei que é muito importante

Conhecer todo bom autor.

Decorei até os critérios

Todos de análise, é sério!

Metrifico a todo instante,

Posso rimar até "artrópode",

Eu sei fazer rima assonante,

E nunca empregarei apócope.

Eu serei um grande poeta

Que sabe usar bem sinalefa!

Veja a minha crase no verso,

Veja a minha elisão neste aqui,

O professor me fez esperto,

Me deu vários livros e os li.

Sei até licença poética

Para ser mais firme na métrica.

Então, ó meu mestre sabido,

Julgue para mim meu poema.

Eu tentei deixá-lo bonito

Pois pelo senhor vale a pena.

Aponte por mim meus defeitos,

Só o seu nariz é perfeito.

6/6/2016