PARNASSUS
Silêncio da noite, prostrado na cama,
vislumbro no teto contornos da dama
bonita que nos meus sonhos vagueia.
Arfante de amor, seios nus, passeia
sobre as sombras, limiar do crepúsculo,
inebriantes olhos fixos me olham. Ávidos
de desejo, estremecem meus músculos,
ante marmóreo colo de bicos impávidos,
mudam o ambiente ignóbil, em alomorfia,
aromas saídos do jorrar do meu sangue,
visões de insidiosa serpente, em alquimia,
atida no deleite do meu corpo exangue.
Férvidos raios avisam a chegada da aurora.
Embevecida, anseias pelo amor que extasia.
Aquieta-te agora, desvanecida senhora,
saciados, apearemos desse monte. É dia.