NOSSA FIEL TRINCHEIRA

Intuição, valente trincheira de todas as horas

mão que segura antes de cair do precipício,

garras tantas que saem de todo lugar indicando perigo.

Por vezes a intuição blefa, blefa mesmo,

faz a gente se arrebentar até não poder mais,

engana melhor que o mestre dos mestres.

Como dá vontade de fazer tudo virar pó,

como inunda de tristeza que dá até pena da gente,

como faz a raiva virar rei, virar Deus, virar o Deus de Deus.

Então a gente quer rasgar nossa pele,

estraçalhar nosso pescoço, destruir cada grão da alma.

Então a gente vira louco babando querendo vingança,

tudo vira um estorvo, um pano sujo, uma praga vil a cruel.

Nesta a hora a intuição nos chama no colo,

faz a gente coar toda coisa ruim que aportou de vez,

faz a gente entender que tinha que rasgar nossa pele mesmo,

não havia outro jeito para criamos limo, criarmos luz, criarmos chão.

Aí tudo fica doce, o ar descansa, a paz pode parir seus frutos.

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