Contemplo,
Arte que em mim se cala,
Que pintada em galeria obscura
Não alcança luz à vista
No silêncio em que é escutada!
Ignorantes, passeiam modernidade
Levada no bolso da camisa
Tropeçam no passeio,
Não vêm o tamisa!
Pobre povo, nada valente
Esquecida gente, nobre letras
Sujas, esquecidas paletas,
Bronze frio escuro, outrora quente!
Ai Almada, Rego, João Mário,
Nem poetas, declamando escutam
Telas pintadas de olhares vazios,
Alfredo, Pomar, Cipriano
E Redol que tanto enalteceu,
O som, a voz encontra
Tísicos ouvidos, fechados!
Pobre povo, nada valente
Que nem na arte
Reconhece a sua gente,
E eu, contemplo ao longe
Parede vazia, fria, despida
De mim, de ti, da história!