Contemplo,

Arte que em mim se cala,

Que pintada em galeria obscura

Não alcança luz à vista

No silêncio em que é escutada!

Ignorantes, passeiam modernidade

Levada no bolso da camisa

Tropeçam no passeio,

Não vêm o tamisa!

Pobre povo, nada valente

Esquecida gente, nobre letras

Sujas, esquecidas paletas,

Bronze frio escuro, outrora quente!

Ai Almada, Rego, João Mário,

Nem poetas, declamando escutam

Telas pintadas de olhares vazios,

Alfredo, Pomar, Cipriano

E Redol que tanto enalteceu,

O som, a voz encontra

Tísicos ouvidos, fechados!

Pobre povo, nada valente

Que nem na arte

Reconhece a sua gente,

E eu, contemplo ao longe

Parede vazia, fria, despida

De mim, de ti, da história!

Alberto Cuddel
Enviado por Alberto Cuddel em 05/06/2016
Código do texto: T5657587
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