Camisa-de-força de aço

A espera é um martírio que massacra a gente,

o tempo parece que trava, empaca, não se mexe,

parece que nos colocaram uma camisa-de-força de aço.

Nestas horas não adianta espernear, chutar o barraco, esmurrar os céus,

porque não tem como apressar que algumas coisas aconteçam,

elas têm suas regras e nisso são soberanas,

não dando ouvidos para ninguém.

Tem vezes em que teimamos em interferir neste jogo,

colocar a carroça na frente dos bois,

mudar o curso do rio para que atenda o que queremos,

fazer o sol dormir quando está na hora de acordar.

Apesar de nos curvarmos diante desta lei

nossa angústia vem à tona com fúria de leão

nossa pequeneza humana se revolta, se enerva, se desgasta,

deixando tudo azedo, apertado, duro de suportar.

Até que numa hora, as coisas se acertam,

o que era espera vira encontro,

o que era angústia vira sossego,

o que era martírio se desnuda em paz.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 02/06/2016
Reeditado em 02/06/2016
Código do texto: T5654976
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