DO OUTRO LADO

Entro no quarto
e a visão que me acolhe
é teu robe pendurado
na porta do roupeiro.
Aconchego minha cabeça
no travesseiro
e é teu cheiro
que se entranha
nos meus sentidos.
Assim te vivo
e disfarço a morte
da tua ausência.
Há muito não parto,
fico no lado que te escolhe,
que espera que aconteça
a reza dos pedidos
que fiz. O norte
do coração cativo,
a paz que acompanha
o que há do outro lado
da tristeza e da demência.