O FRUTO PERDIDO Ä MARGEM

Como posso me trair assim?

Como posso vender quem sou?

Qual o preço estabelecido pela moral?

Rastejo feito os seres de escamas

Afogo-me na pedra sem cama para dormir.

Sou da escorria, o pária, o lixo social.

Quem sou eu? O vendido?

Quem sou eu? O gado?

Quem sou eu? O renegado?

Quimérico e ideológico

Sou o marginal fabricado

Pela fumaça vertical do sistema.

Contudo, devo estar sempre sorrindo,

Grato pelas migalhas que me dão

Dispostas por todo o chão, no qual, rastejo.

Há, de fato, algum bem ou razão nisso?

Deixarei de ser este perdido fruto à margem

Ou serei o eviterno tapete puído da sociedade?