Noturno

Não sei o que quero dos dias

Me sinto vivo nas noites

As manhãs me dão alergia

Com seus rituais e magia

Me deixam perdido e afoito

Nas tardes, as horas me cansam

O tempo que retrocede

O marasmo que me envelhece

Até que os tedios me alcancem

Cai a noite, e a penumbra chega

Torna todos iguais

Presas, vítimas, caçadores

Poetas e filósofos banais

Dos bares, sentimos os odores

Das ruas, nos tornamos senhores

Das histórias, seremos narradores

Dos assuntos, somos todos entendedores

A minha alma

Nas manhãs, se irrita

Nas tardes, suplica, e

Nas noites, se multiplica

Márcio Filho
Enviado por Márcio Filho em 30/05/2016
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