AURA
Às vezes me sinto com fome de versos
E me ponho diante do espelho, converso
Perante uma imagem que é só fumaça...
Nada! É que estou a enxergar-me a aura!
Vejo-a transformar-se quase inteiramente,
Porém percebo que são fluidos intensos
Que mexem e remexem em meu senso
Deixando-me a imaginar-me deliberadamente...
Há instantes em que a vislumbro como neve,
Com a brancura suave que tem o algodão;
Noutros noto-a subversiva como um ladrão
A maquiar-me a vida tão plena de estresses!
Ah! Penso... Talvez tudo isto me seja ilusão!
A ótica anda a trapacear, trata-me covardmente
E sei eu que aura é leveza cheia de sensação,
Não a estapafúrdia imagem que vejo de repente!
Livro-me do espelho... Respiro de malandragem
E certeza tenho que aura é meremente maquiagem!
DE Ivan de Oliveira Melo