Suburbando
Olhando o horizonte
De todas as periferias,
Vejo os emaranhados
São várias moradias!
Lugar feito de morros
Construir casa com jeitinho dá...
Não é como nos lugares nobres,
Nem precisa aplanar!
Quando o Sol nasce
Saí de trás daquelas casinhas...
Sua luz vai banhando tudo
Sentimento de harmonia!
Os habitantes desse lugar
Acordam logo cedo...
Enfrentam a labuta
Mesmo cercados de medo!
Sempre discriminados
Às margens da sociedade...
Gente humilde e guerreira,
Carregam nos olhos a verdade!
Se existe a fama
Que no subúrbio só tem ladrão,
É porque nunca enxergaram
Cada nobre coração!
Corações cheios de sonhos
Como qualquer mortal!
Velam tradições de família:
Páscoa... Aniversário... Natal!
São gente diferente
Que fazem a cara desse país.
Não são orgulhosos
Passando, erguendo o nariz!
Tem muito mais problemas,
Que os bacanas fúteis!
Não perdem a chance de rir,
Tornam suas vidas úteis!
E mesmo com o bolso furado,
Comendo só arroz e feijão...
Eles estão sempre acreditando,
Na melhoria da nação!
E mesmo assim alguém comenta:
"A bandidagem ali se acumula!"
Só pra não assumirem que bandido,
É o nome que depositaram na urna!
Esses são os verdadeiros
Bandidos da sociedade!
Que esquecendo- se do povo,
Lhes roubaram a dignidade!
Não! Nada justifica
Cometer vários delitos...
Cada um deve pagar
Pelos erros cometidos!
Nem estou arrumando desculpa
Para a marginalidade...
Mas é muito fácil julgar,
Vivendo como majestade!
Preste atenção como se refere,
Quando fala desta gente guerreira...
São elas que fazem desse país,
Uma nação verdadeira!
E não você que vive
Cercado de regalias...
Que insiste não ver a verdade,
Só pra não estragar seus dias!
Acha feio de ver morador de rua,
E o julga um marginal...
Acha mendigos vagando,
Poluição visual!
Então, lamento informar
Que você neste mundo não é nada!
Nem sua casa você limpa...
Quem limpa é sua empregada!
Que acorda cedo todo dia
Deixando seus filhos sozinhos...
Rezando para que Deus os guarde,
Ou que fiquem atentos os vizinhos!
Chegando enquanto você dorme
Cansada da noitada...
Limpando sua sujeira,
Até sua calcinha lava!
Ou você grande empresário
De uma multinacional...
Sentando na sua cadeira de couro,
Sem importar-se, se teu empregado está mal!
Consultando a bolsa,
Observando as cotações...
E a maioria de seus empregados
Passando privações!
Hoje você deu bom dia,
Pra um de seus funcionários?
Ou passou metido, egocêntrico...
Só porque é um milionário?
Saibam que sem essas pessoas
Que marginais consideram...
Não teriam toda a riqueza,
Que suas vidas imperam!
Se não fosse essa gente pobre,
Chamada de 'peão'...
Você não desfilaria
Com seu caríssimo carrão!
O que te tornou rico
Foi sua mente criativa...
Sem esses trabalhadores,
Teu barco estaria a deriva!
E a madame que cuida
Pra unha não quebrar,
Não seria grande coisa,
Sem seu nome e um milionário pra casar!
Então, pense e reflita
Quando na periferia passar..
É nesse tipo de bairro
Que seu empregado conseguiu morar!
E ele também não tem tempo,
De analisar sua futilidade...
Enquanto você busca riqueza,
Ele busca por prosperidade!
E se achar que agrido- o
Defendendo o pobre assim...
É por causa da ganância
Que a pobreza não tem fim!
Dinheiro é bom
Caráter é mais caro!
Pessoas não são cartas,
Do seu patético baralho!
Eu posso te dizer tudo isso...
Eu repito se precisar...
Eu nasci no subúrbio,
E aqui sempre vou morar!
Guardiã da Ventura,
Sexta- feira, 13 de julho de 2007, 19: 40