FAZENDA DE DEFUNTOS
Depois de cavada a terra
E aberta a ferida em bocarra,
Desce pela goela escancarada
O fresco defunto sem perfume
Que, ali, ficará feito semente,
Porém é semente
Que jamais germinará,
Pois fora plantada
No seu estágio final de dormência.
O quê brotará então deste cemitério?
Deste solo semeado, regado e marcado.
Em cada uma das plantações
Uma lápide em riste
Uma espécie lingueta de riso permanente
A sair da terra insossa debochando da vida
E sendo a única coisa a brotar dali.
Contudo, ao estranho humano, o vivo, incomoda.
Qual é o fruto de produção
Destas fazendas de morte?
Qual será a messe? Qual?