Pai com açúcar

Pai com açúcar

maria da graça almeida

Queria o ídolo

ainda criança,

de gesto profundo,

de crenças maduras,

que me acalentasse

com voz da infância

e me orientasse

na vida futura.

Queria o ídolo

tranqüilo na fala,

sereno nos olhos,

suave nas mãos,

disposto ao livro

das velhas escalas,

pra fácil compor

a nova canção.

Queria o ídolo

de francas verdades,

que orasse em silêncio

e ouvisse a razão

e na noite finda

tal qual serenata

abrisse as comportas

da antiga emoção.

Queria o ídolo

de farta poesia,

de longos poemas

e breves haicais.

Queria de novo

o meu doce amigo,

queria outra vez

compotas de pai.

maria da graça almeida
Enviado por maria da graça almeida em 04/10/2005
Reeditado em 30/10/2005
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