É hora de temer, é hora de falar, é hora de agir
É hora de temer
É hora de ter medo da ira profunda
Aquela que, engastada na mágoa, aflora
E torna a noite mais escura
A noite que não passou
Mesmo depois de vinte anos
Mesmo depois de tantos mortos
Mesmo depois de alguns avanços
A noite que não era de folia
Pois nos passos dados
Precisava-se de mais ações
Pra fazer valer, de fato, a democracia
Mas a moeda da massa escarnecida continuava
A miséria travestida na dentadura do banguela
A pobreza estendida em avenidas e favelas
A educação precarizada, que jamais educara
E uns tantos se fartando de toda essa festa
A propina barateando a alma vendida a juros
A jurássica forma de pensar na vantagem como meta
A custa de uma nação cega e caótica, isenta de futuro
É hora de temer por nossos filhos
É hora de garantir futuro aos netos
É hora de buscarmos a nossa liberdade
É hora de realizar com voz e verbos