O mapa do tesouro

Para os alunos que me esperavam para uma reunião,

porque a inspiração há de ser lição que excede a cátedra.

Eis que trânsito me dá um poema.

Ele que é sempre trânsito

entre margens de rios

entre avessos de peles

entre escuros que se tateiam

e raízes que se penetram

nas produndezas do subsolo.

O trânsito engarrafado dá passagem.

Despressuriza a palavra

rarefeita de pressa

e permite que se engarrafe o poema lançando-o no mar...

O mapa do tesouro.

A trilha da ilha secreta.

O caminho das especiarias.

O trânsito parado transita no poema.

A energia da espera.

O calma ante o inevitável.

A promessa do movimento.

O deslocamento porvir.

A estática enseja a desconstrução do tempo.

Desloca a ânsia de realização

para instantes que não se medem

imprimindo um toque na língua:

gosto de eternidade.

...

Quiçá nenhuma vida esteja acidentalmente morta

para que esse poema viva.

A poesia não é um acidente.