Luar de Minas
A lua quando surge no céu mineiro
Beija as montanhas, uai!
Sobre o velho trem fagulha ligeiro
E num trilheiro ela vai, vai, vai...
Desliza macia sobre a Pampulha.
Até ela avistar a igrejinha,
Enchendo de luz os olhos faceiros
Daquela mineirinha.
Lá na roça, um facho de luz, passa pela fresta,
O telhado de palha fica prateado,
A lua serenamente chispa fazendo seresta,
Deixando o lobo-guará todo ouriçado.
O velho Chico o seu espelho empresta
Onde ela faz o seu caminho iluminado,
Não há quem veja que não fique admirado.
Na varanda do casarão da fazenda do riacho,
Dona Beija, beija o brilho do céu enluarado...
Sá menina de trança exibe o cacho lourinho.
Ô trem bão, sô! É que nem queijo do cerrado.
A lua boazinha ilumina o seu caminho,
E juntinho dela proseando vai o namorado,
De repente um silêncio...
A lua denuncia um beijo bem demorado.