LUA ATEMPORAL

Olho para a lua

E vejo metade da minha face

Estampada na utopia de um branco reluzente

A lua cheia que brilha não suporta

O peso inteiro que a face de um rosto cansado

Despeja sobre a imensa metade

De um mundo caduco

Quando vejo metade do brilho

Da minha face escancarada

Na ordem imbatível de um mundo vil

Vejo metade de uma vida em trâmite

Que não descansa

Que só avança

E o brilho breve da lua que grita

Faz metade de mim sentir no ínfimo

Os sonhos que nascem

Os sonhos que se vão

Os momentos que passarão

A vida é como a lua

Uma hora cheia

Outrora nova

Passageira

Peremptória

Mostra que a renovação é constante

E o recomeço sempre infalível.