Reflexão úmida

Depois da estiagem
Através da vidraça olho a chuva que inunda eu sertão
Encharca meu corpo, afoga minha alma
Na transparência do vidro, o reflexo distorcido sou eu
Sou a desilusão da seca, fiz-me colheita e saciei gráficos
Verdejante, ilumina-se o campo de mim
Fragmentos de uma silhueta somam-se num eu
Mais ali adiante, um eco no vácuo, tenta ser-me
Mapas recém encobertos estão desaparecidos
Umidifico um deserto em mim depois da estiagem

in Fragmentos