lápis e papel
Lápis e papel
Sou desse tempo,
De lápis e papel e,
Sobretudo, borracha,
Apagando os maus momentos,
Erros, arrependimentos...
Vagas lembranças de quando
As comidas não vinham em caixas,
Mas em canteiros estrambalhados,
Brotando serraias e espinafres
Sem plantio ou cuidado,
Entre as varas de tomates...
E sandálias de brim com solas
De cordas e cadarços barbantes
E uma infinda coisa de antes...
Vou sentar nessa calçada
Jogar burca com a molecada
Cansado de devorar momentos
De sinos e de alarmes,
Correr vara pelas grades
Assustando cães de guarda
A dizer que sem dinheiros
Corríamos a feira, a igreja,
Uma fé sem oferendas,
Uma reza de assim seja.
sergiodonadio.blogspot.com
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