UM LIBELO
O fel amargo
que nos empurram goela abaixo
é o anti-remédio, a bílis do ódio
que divide a nação em duas.
Há uma epidemia de insanidade
difícil de debelar.
Uma pandemia de pseudogoverno
que usurpa, trapaceia, mente
e inventa e forja e mantém
um discurso vazio de propostas
cheio de intenções espúrias.
Que loucura é essa que nos faz reféns
de tanta desgraça, de tanto retrocesso?
O bonde errado veio do fundo do túnel
trazendo a escuridão para onde havia luz
e esperança e um projeto de nação.
Hoje há danação, usurpação, expropriação
e uma viagem para o ontem.
Não é este o país do meu sonho.
Na verdade, um pesadelo se faz.
Há um peso de chumbo que nos
faz temer dias piores que virão.
Há uma insânia que se propaga
à velocidade da luz do som.
Há uma doença contagiosa
sem vacina aparente no horizonte.
Quem haverá de curar, que remédio existe
para as instituições invadidas pelo vírus
cruel da infâmia, da mentira,
do suborno, da expropriação
de tudo o que é digno numa nação?
Mas o homem digno haverá de
erguer sua voz para além da barbárie.
E corajoso não se vergará diante
de tanta maldade perpetrada em
nome de uma ponte não tem pilastras,
mas pilantras sem sustenção legítima.
Não se cala a voz do homem justo
e digno. Nem de quem pensa e
vê que tudo é jogo de cena
de um teatro de marionetes
movidas pela ganância e pelo desejo
de vender a dignidade de um país
a preço degradado no vil mercado
das ilusões passageiras.
Tudo tem um tempo, para tudo há limites
e nenhuma ignomínia durará para sempre.
Os traidores de plantão não ficarão impunes.
Há uma resistência que se nega a aceitar
o absurdo, o crime lesa-pátria, o descalabro
o cinismo, a trapaça e a desonra que macula
a democracia desse país.
Apesar de tudo, somos grandes.
Bem maiores do que toda a mesquinhez
que se pratica ao arrepio da lei
com o aval dos que se arrogam
salvadores da pátria, redentores
de uma nação que não precisa
ser tutelada, pois tem cidadãos
capazes de se erguer das cinzas.
Seremos a fênix que voará
para além de todos os ares pútridos
que bafejam sobre nós.
Somos livres e temos vontade
férrea que não se dobrará
diante dos embates que se desenham.
Venceremos toda a escória que
se atravessar no caminho da democracia.
Nem as pedras se calarão.
E seremos águias altaneiras
a alçar o voo na direção
de nossa realização como pátria livre
que sabe construir o seu destino.
Apesar de tudo, venceremos.
Não se cala a voz do homem justo.
A democracia e a justiça
triunfarão.
Braços cruzados, jamais.