Matemática poética
Amor tem apenas quatro letras
Mas de outras tantas um poeta
Precisa para descrevê-lo
Porque ele não cabe em todas letras
E é incontável em números
Nove vezes nove é igual a oitenta e um
No meio de tantos todos nós queríamos
Ser “aquele” um
Cinqüenta e quatro divido por dois
Ainda costuma ser vinte e sete
Os ponteiros de quem espera
Cortam como lâmina de gilete
Você tem mania de medir os outros
Pela sua própria medida
Acha que o fim do caminho de todos
Tem a sua mesma saída
Pelas minhas contas
Seis mais cinco são onze
Meu silêncio é de ouro
Teu orgulho é de prata
Nossa razão é de bronze
Quando sou elevado a sua potência
Vejo o mundo por seus olhos
E só assim te peço clemência
E assim é a matemática
Na minha vida poética
Não cabe nos dedos da mão
Infinitas maneiras de amar
Num só coração