A MOÇA POÇA D’ÁGUA

A moça queria mudanças

Pois em seu peito algo frio vivia

Vivia a inominável agonia a lhe sufocar

A moça queria mudar

Pois a escuridão que em sua alma jazia

Nem o sol do meio dia conseguia iluminar

Mudanças, desesperadamente a moça queria

Comprou roupas e sapatos novos

Pintou o rosto, cortou o cabelo

E sorriu amarelo para a fotografia

Coitada da moça... Ela não sabia

Que a alma é profunda como o mar

E ela, moça poça d’água

Perdida na superfície rasa dos dias

Só queria saber de arrasar!

Não há problemas em tua alma, moça

Mas talvez haja na rasura do teu olhar

Olhar condenado à euforia triste das fotos

Olhar com a profundidade de uma poça