O BILHETE
Oh, santa senhora, com respeito, permitais
que pergunte e me respondas, sem falsete:
insiste vivo aquele antigo guardado bilhete,
elo fiel de nossas almas, se não for demais?
Pelas suas dobras, mais que tinta e celulose,
singrei os mares, clandestino num paquete,
voei desconhecidos ares, fito no banquete
a te ofertar, ainda doendo a minha lordose.
Sabes com sobejos que a vida, sem engasgos,
de amores incontidos ascende em um foguete.
Então, responda sem subterfúgios de verbete
ou caiam junto aos nossos pés os seus rasgos.