essa vida que me mantem aceso
Sou esse poeta do corpo
Do chão do quintal, das raízes
Das plantas, do adubo, das minhocas,
Do dia pescado, das auroras, das tardes bronzeadas,
Sou o poeta dos ladrões, das putas, dos assassinos
Desconsolados, dos urubus que esperam a carniça
Da criança com preguiça, dos homens da lei, dos
Engravatados, sou poeta da lei, sou poeta do errado,
Dos bonitos arados do sul, da seca ternura do nordeste,
Do desconhecida Europa velha, das sublimes descidas da
África, sou poeta do acontecido, do que está feito, do abismo, sou pregador do medo, sou aquele da rosa, da
Tertúlia, do homem sem emprego, do rico, do negro,
Sou poeta das ninfas, dos abertos e dos segredos, sou
Poeta da vida, e é essa que me mantém aceso