OS HOLOFOTES

Os holofotes enfrentam a noite.

Suas luzes dançantes são como açoites.

Analisam o noturno império;

focalizam se há algum rastro de mistério.

Navegam no céu as luzes silenciosas;

observadoras, atenciosas e estudiosas.

Não param neste estafante afã,

querem descobrir algum rastro de amanhã.

Os holofotes descobrem desconhecidas constelações.

Trazem à terra, a estrela que guiou os marinheiros

das Grandes Navegações.

As luzes não notaram nenhuma estranha aparição;

tudo está registrado nas histórias de ficção.

As luzes trabalham como aguçadas espiãs.

Ninguém manda nelas, nenhuma delas é capitã.

Provocam nos pássaros noturnos um sentimento de pavor;

procuram onde há vestígios de calor.

Avisam quando vêm os temporais;

furam o bloqueio das espessas nuvens,

para passarem as pedras espaciais;

tiram das nuvens esta cor ferrugem.

Não deixam a cidade na escuridão, os holofotes.

Deixam-na bem iluminada, até afugentarem

os tenebrosos coiotes.

E o show das luzes fica bem mais dançante,

deixando a escuridão hesitante!

À noite, vejo vários sóis!

Tudo fica acordado com estes potentes faróis!

Vasculham o céu, como se alguma coisa quisessem pescar;

revistam sedentas o Sistema Solar.

- Gabriel Eleodoro

Rio de Janeiro, de 02 a 03 de fevereiro de 2000.

Gabriel Eleodoro
Enviado por Gabriel Eleodoro em 17/05/2016
Código do texto: T5638631
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