OS HOLOFOTES
Os holofotes enfrentam a noite.
Suas luzes dançantes são como açoites.
Analisam o noturno império;
focalizam se há algum rastro de mistério.
Navegam no céu as luzes silenciosas;
observadoras, atenciosas e estudiosas.
Não param neste estafante afã,
querem descobrir algum rastro de amanhã.
Os holofotes descobrem desconhecidas constelações.
Trazem à terra, a estrela que guiou os marinheiros
das Grandes Navegações.
As luzes não notaram nenhuma estranha aparição;
tudo está registrado nas histórias de ficção.
As luzes trabalham como aguçadas espiãs.
Ninguém manda nelas, nenhuma delas é capitã.
Provocam nos pássaros noturnos um sentimento de pavor;
procuram onde há vestígios de calor.
Avisam quando vêm os temporais;
furam o bloqueio das espessas nuvens,
para passarem as pedras espaciais;
tiram das nuvens esta cor ferrugem.
Não deixam a cidade na escuridão, os holofotes.
Deixam-na bem iluminada, até afugentarem
os tenebrosos coiotes.
E o show das luzes fica bem mais dançante,
deixando a escuridão hesitante!
À noite, vejo vários sóis!
Tudo fica acordado com estes potentes faróis!
Vasculham o céu, como se alguma coisa quisessem pescar;
revistam sedentas o Sistema Solar.
- Gabriel Eleodoro
Rio de Janeiro, de 02 a 03 de fevereiro de 2000.