ABACATEIRO
Em criança, não sofria dores de adulto.
Eu era o timoneiro do meu abacateiro,
no centro do meu quintal, sem indulto,
escalando de galho em galho, ligeiro,
subia contra a ventania até o mastro,
amarrava as velas e viajava, viajava...
pra lá e pra cá, sem sair da rua Mauá.
Virava meu barco veloz e sem lastro,
movido à vento, singrava os oceanos
tão depressa quanto carro no asfalto.
Só aportava quando mamãe gritava:
- Desce daí, Zezinho!...