Sou parte de Deus
Não sou mais do que sou. Os outros é que pensam que sou.
Para mim, não sou nada além de matéria.
O corpo que me leva onde desejo ir.
Falo apenas do corpo, etéreo, fugaz, passageiro, finito, cinza e pó.
Quem sou?
Entre os homens, um andante, um viajou.
Um corpo entre tantos corpos, tão limitado quantos os outros.
Um corpo apenas, frágil, embora pareça forte.
Forte? Não sou.
Quem sou?
Tecidos, conjuntos, órgãos.
Músculos, mucosa, suco, ácido.
Coração, veias articulações.
Massa cinzenta ou não.
Quem sou?
Não posso parar.
No tempo não me encontro.
O tempo é apenas uma invenção.
O tempo que passa feito vento ou que dura como a tempestade.
Então, no tempo não estou, apenas vou.
Quem sou?
Repostas. Vamos, quero respostas.
Quem as têm? E se as têm quem as daria a mim?
Se não as daria, então, quem as venderia?
Não tem preço.
Silêncio. Profundo silêncio.
Quem sou?
Dos homens, nada ouvi.
Todos, assim como eu também são viajores.
Todos com as mesmas dúvidas e as mesmas indagações.
Nós, conjunto de humanos, às vezes tão desumanos.
E neste universo questiono:
Quem sou?
Num estalo, percebo que não há respostas em outras pessoas.
Tenho que voltar para dentro de mim.
Talvez entre minhas entranhas pensantes me encontre.
Talvez nesta viagem ache as respostas para tudo.
Quem sou?
Na estrutura física também não há respostas.
Vejo sangue, nervos, tecidos, coração.
Dos pés à cabeça, a máquina humana é perfeição.
Mas, não trazem as respostas e continua a dúvida.
Quem sou?
Uma luz, no lado esquerdo do peito brilha.
Uma luz azul, está lá penetrada no coração.
É tão pequena e tão singela.
Sua chama tremula com vigor.
Essa luz me diz quem sou.
Alegria inunda o peito, redescobrindo razões do meu eu.
Razões que nos unem corpo e alma num conjunto perfeito.
E lá, do fundo do peito, da luz de chama azul e brilhante.
Essa luz que acalma o meu ser, dizendo que sou parte divina.
Sou parte de Deus.