Nada detêm a fera

nada detêm a fera

nem o grito estrondoso

nem o soco vigoroso

nem a tocaia da espera

nem o latejar da veia

nem o rosnar dos cães

nem a litania das mães

nem a nossa cara feia

nem a luta cotidiana

nem os muros que erguemos

nem toda a força que temos

nem o fio da durindana

nada detêm a fera

nem mesmo o asco do povo

nem mesmo a Verdade e o Novo

nem mesmo o fogo e a Quimera

nada detêm a fera

nada detêm a trapaça

do golpe no sonho da massa

ignorando o sol nas flores da praça

nada desata a mordaça

da estória e seu patrão

oprimindo os que não tem pão

com a verborragia e a farsa

nada detêm a fera

e a sua malta vadia

apagando a luz do dia

enquanto a manada espera

nada,

nada como esta lei do cão

que anda de traição em traição

neste mambembe país

onde tudo está por um triz