SODOMA

Sou semelhante à Sodoma,

Um templo de estupidez.

Fui erigido por um ventre

Carregado de cinzas e sal.

Não há mal que eu não tenha,

Coleciono hordas de pecados

Sou de asco, retardo e fiascos.

Padece minha alma rasa

Neste corpo maculado,

Cheio de nódoa da morte.

Anjos morrem ao meu arredor

Em lamentos profundos, pois

Quebro suas auréolas sem orar.

O inferno se abre convidativo

Para a derradeira festa de ninguém.

Eu, Sodoma, cidade sem rastro,

Quadro emoldurado pela chuva

De fogo e enxofre. A última

Tentativa de purificação

Do horror perpétuo que sou.