Amanhecer...
Ao fechar os olhos
Envolvo-me numa luz de amora pálida
Como um crepúsculo tênue...
Que cintila pelo fundo dos vales
E a paz dessa imagem me invade
Tenho retratado em mim a face do abismo
Me recuso a ver somente o despenhadeiro a minha frente...
Os meus olhos correm para o alto, fujo...
Com asas na mente, como água ascendente!
Sempre rejeito o negrume
Que se insinua e escoa
Essa tristeza que me quer prisioneira
Qual nascente salta em jorro...
Se insinuando e se doa, ao meu todo
Insalubre, densa... em tênues fios...
E se inserem nos bosques de minha memória
Soprando com seus ventos forte
As imagens que construo para sobreviver...
Silêncio...
Estéreo e tão plural na sua singularidade...
Acalentado em meu peito
Tendo sobrenome saudades...
Que atormenta e mescla a tarde de púrpura violeta...
Abraço essa tristeza minha
Aceitando o negro abismo onde habita
E a faço mergulhar na vastidão do cintilante fundo dos vales
Pois a suave luz que apliquei no céu das minhas vontades
A transforma em canção
Que meu vasto céu invade...
E meu sorriso volta com o sol
No seu sempre nascer!