Vendo um silêncio.

Tenho apenas palavras antigas,

muitas vezes ditas, reditas

[desditas.

Procuro significados ocultos

como uma velha cigana a ler mãos

e nem mesmo sei porquê.

São expressões de sentir

que disponho

ora aqui

ora ali,

num esforço legítimo

de ouvir confidências.

Preciso de palavras novas,

dessas que chegam douradas

em saudação ao desconhecido,

distribuindo cores,

uma para cada sentir.

Confesso que antecipo o gozo

de possíveis ecos:

de abraços mornos

risadas soltas

verbo leve,

nascidos para abrandar a solidão.

Vendo um silêncio.

Para amenizar o espanto

de viver.

Grace Moraes
Enviado por Grace Moraes em 14/05/2016
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