Vendo um silêncio.
Tenho apenas palavras antigas,
muitas vezes ditas, reditas
[desditas.
Procuro significados ocultos
como uma velha cigana a ler mãos
e nem mesmo sei porquê.
São expressões de sentir
que disponho
ora aqui
ora ali,
num esforço legítimo
de ouvir confidências.
Preciso de palavras novas,
dessas que chegam douradas
em saudação ao desconhecido,
distribuindo cores,
uma para cada sentir.
Confesso que antecipo o gozo
de possíveis ecos:
de abraços mornos
risadas soltas
verbo leve,
nascidos para abrandar a solidão.
Vendo um silêncio.
Para amenizar o espanto
de viver.