a partida
~~
partiu com tal mansidão que nem o silêncio a ouviu.
foi com os ares bons da matina. por bagagem levou o futuro
sem rosto, sem promessas, sem atilhos.
quem a poderia condenar? era livre como a andorinha em vésperas
de Primavera.
deixou poeiras de sonhos velhos para trás. deixou também a ilusão
do que nada era.
quem a poderia julgar? não eram dela a coragem e o arcaboiço firme da razão?
talvez o chão pisado beijasse-lhe os pés! foi de cabeça alta
e de ombros limpos. as órbitas dois templos virados à montanha..
e foi assim que ela partiu!..
~