Morbidez
Não vou negar que estou chorando.
Mas, afirmo que não estou delirando,
Ao desejar a morte a cada instante
Para o meu eu inútil e destoante.
Peço a Deus que escarne meu sofrimento,
Que dilacere meus íntimos pensamentos,
Que me tenha como um entulho daninho,
Em seus momentos de desdém e desalinho.
As horas têm passado em mim, como fogo.
Queimando pouco a pouco meus desejos
Numa chama sem calor, num fogo sem jogo.
São momentos grotescos de um funeral
Que me levam ao infortúnio, quando vejo
No espelho, meu rosto funesto e visceral.