um velho lugar
Um velho lugar
Debaixo das sombras escassas e garranchosas, das capoeiras de outrora.
Onde agora do tempo, só restou o cansaço.
De frente dos meus olhos, onde deitam-se
os tabuleiros, adentrando seus caminhos por onde vão os meus passos.
Na caatinga que ameaça com seus agudos espinhos...
Espinhos que acercam aqui de todos os lados!
Quem pelo caminho tange os fantasmas, das altas carnaúbas.
Por baixo das áridas sombras agrestes vão-se as saúvas...
Sempre atarefadas carregando apressadas cada uma o seu fardo.
No solo rachado da velha estrada do sitio
Entre os juazeiros verdosos e escassos.
Um carro passa a poeira fica.
Suspensa pelos ares brunidos!
Cruzo os meus olhos aos de um cachorro magro
Que desfalece perdendo os sentidos.
Olha-me! E se nutre de esperanças enquanto recordo o passado.
Segue adiante!
A língua gotejando a poeira.
Um vento solitário atalha pelos tabuleiros.
Gagueja nas pedras e calcários eternos.
Aves de arribação, no céu do sertão.
Adiante de mim assentada na seca geral
Um varal sem cor.
Onde as estacas envelheceram estáticas ao redor das casas.
Atrás de janelas fundas entre paredes largas que aos séculos suportaram.
Um olhar simples atrás das cortinas de retalhos de pano.
Olhos como um guindaste de ferro que arrasta tudo lentamente
Mirando você fundos como as covas do próprio rosto.
O cheiro do cachimbo tragado e soprado em desterro...
O balançar da rede no alpendre
Alpercatas sob o chão
O silo vazio onde se guarda o grão
Ouvem-se barulhos de gente.
Afinco os dedos na Ferida da saudade
Olhos de sobriedade me recordam este vão!
Despeço-me das casas e subo pelos juazeiros...
No peito tangendo as magoas que avistei do terreiro.
Do que já foi meu chão! Quase igual como era antes
Isto em outra geração.
Sertão geral e migalha de silêncio que guardei da paragem!
De cada vida açoitada como vento soprando a palha da paisagem.
Guerreiro feito de couro montado a cavalo de sede
Homem de dura sina que descansa em sua rede.