PEIXE PULSANTE
Dir-se-á que o rio chora a prisão de seu leito.
Manuel Bandeira
Meu coração
Despencou
Pela ribanceira
Da vida
Indo parar
Nos bolsões
Da curva
De um rio
E ficou por ali
Preso em suspensão
Ouvindo o ulular
Das águas cativas
Cheias de tristezas imensas.
Com o passar do tempo
Meu coração virou peixe
Imbricado no seio das águas
Trocou todos os sentimentos
Por bolhas leves.
Hoje, meu coração nada
Sozinho e colorido
Suspenso nos sonhos
Desta curva do rio
De celas sólidas.