Estrangeiro

e agora

que a vida lá fora

se compõe de palavras longas e vazias

e o tempo é só mais uma estória na estória dos dias

guardo o nada que me diz respeito

estremeço com as manhãs nascendo em meu peito

penhoro o que me restou da vida

o poema fica

fica por inteiro

o poema

o papel

e esta sensação de eu ser em mim um estrangeiro