Abstrações da leitura
Tão insolentes são os corpos amorfos que me desejam,
E a vontade de meus beijos,
Noite, essa por onde vagueiam uivando!
Tão dormentes os pensamentos que vos trouxeram
E a dor dos meus sentimentos
As palavras que desdenham, o dia com esperança!
Tão sem futuro os sonhos nus caídos no leito
O prazer sonhado, gemido no quarto
Apenas finjo, um prazer que não tenho para dar!
Tão viçosas as vestes da primavera, o cheiro, odor
Paixão pela qual me entrego as palavras
Roubadas a um qualquer poeta pela mente de quem lê!
Tão calmo o mar, nas correntes veraneias onde repousas
Construindo castelos na areia, sonhas família
No doce canto arrebatador da sereia!