partimentos
Partimentos
Dedico à todas as mães
Transformar as coisas duras
Em carinho... Arte de mães...
Assim seremos filhos dessas mães
Medindo por espelho sua força,
A força de chorar sorrindo
Frente a cada filho partidor...
Que perda é o contínuo reviver
As horas de amamentar e de sofrer
As idas pela porta que se fecha
À volta desse ser viajador,
Que parte e se reparte
Em tantas outras repartidas
No correr dos dias de ausência...
E, quando volta, às vezes se ausenta
Na presença aberta à própria porta,
Aquela que fechou-se quando
Esse mesmo filho foi embora...
E volta, mas não volta por completo,
Volta sonhando novos voos
Além do pensamento por inteiro,
O de sondar a dor do partimento
Desde o seu partir primeiro.
sergiodonadio.blogspot.com
editoras: Scortecci, Saraiva. Incógnita (Portugal)
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Perse e Clube de Autores
Em dissonância com as alegrias desse dia,
Peço desculpas, mas preciso lembrar certos
Filhos de seu esquecimento às genitoras:
Flores para as marias...
Flores para as marias...
As cansadas do dia a ida,
As feridas por suas crias,
As deixadas na periferia...
Flores para as marias...
As guerreiras desabrigadas,
As matronas esfomeadas
Das vidas desvividas...
Flores para essas marias...
Que passam noites em claro,
Na espera da inúbil volta
Dos que só tiveram idas,
Das que dormem agarradas
Às velhas fotografias...
Das que comem os restos
De suas comidas...
Marias de todas as raças,
Marias de todas as vidas,
Das abastadas à fodidas.
Flores para as marias...
Nas campas desassistidas
Pelos que deram à vida!
Cadinhos
Cadinhos de quase nadas...
A mãe deixada prostrar-se em vida,
E na campa inominada, esquecida....
Conheço suas crias, mal criadas?
Mal vividas... Cadinhos de nadas,
Por terem sido geradas e
Dela terem se partido...
O escuro, o fluxo das mágoas,
Como a seiva do pinheiro velho
Posta a queimar à distância...
-Frutos de candeeiros! Sabem bem
Onde a fala os alcança... Cadinhos
Destilados desse ferro que ferroa,
Sucos malhados por primeiro...
Embebidos em suas emanações
Ao seu pendor por dinheiros...
Sei bem que sabem vocês...
A quem aponto o dedo.
Sois vós que vejo em primeiro
Saudando a mãe, em pecado!
Deixando a mãe doutro lado
Do muro estreso em erros