Escrevo
Se não for pra escrever,
Eu escrevo assim mesmo.
Escrevo novos enredos
Que terminam em samba.
Escrevo a volta de uma história
Que nem teve oportunidade de partir.
Um novo amor velho.
Escrevo a vida desaguando
Na nascente do mundo.
E se nao for pra escrever,
Eu escrevo assim mesmo.
Revelando o escancarado,
Escrevendo o som dos edifícios.
Os versos em prantos, que
Nem se quer ficaram prontos.
Quando escrevo toco o céu,
Escuto o vento corrupiando de fraque.
Não é pra escrever?
Vou escrever assim mesmo.
Até que não sobre espaço
Neste pedaço de papel.
Escrevo e minto essas verdades.
Sigo acreditando incréu.
Apenas por escrever.
Pra mergulhar o inverso das palavras
Nunca é preciso ter porquê.