A ABERTURA DIS PORTÕES DE NAIOG

O sol observava

Os pássaros calaram a música

A primavera parou o seu desabrochar.

Tudo e todos olhavam para Naiog,

Depois de cinco mil anos fechados

Os portões serão reabertos às hordas

De visitantes, comerciantes e novos habitantes.

A cidade sem contato era um mistério

Ninguém sabia o quê ocorria ali.

Os muros intransponíveis e mudos

Não confessavam os segredos internos.

Ioiô, um morador das proximidades de Naiog

Sempre sonhou em ver o lado de lá da fortaleza.

Ele era o primeiro da fila quilométrica,

Que se formou há dias, e que engordava a cada hora,

Com a chegada de novos interessados em Naiog.

Todos os expectadores e expedicionários

Aguardavam em solene silêncio.

Ao meio-dia as trombetas soaram

Imediatamente os portões estalaram e rangeram

Tirando de sobre si a poeira dos séculos de dormência.

O coração de Ioiô batia forte

Finalmente, ele conheceria Naiog por dentro.

Uma fresta minúscula surgiu entre o vão dos portões

E foi crescendo com a sistemática abertura miraculosa

Uma luz intensa brilhou sobre as pessoas próximas.

Ioiô de tão emocionado e arrebatado

Não conseguiu fechar os olhos,

Gradativamente, à medida que os portões abriam-se

Ioiô ia ficando cego pela intensidade ofuscante

Da radiante luz primeira cuspida de Naiog.

Os portões num instante insignificante

Rindo de cinco mil anos fechados

Estavam abertos, escancarados para o mundo.

O tolo Ioiô cego ficou sem jamais poder ver

Aquilo que tanto almejou.