Uma conversa com ela
Ela quer que eu seja santo, puro e agradável
mas eu quero ser desagradável
Ela me diz que tenho que confiar
eu por sinal quero não confiar
Persistindo nisso, ela me manda acreditar
eu com toda certeza não dou bola
Ela quer me fazer recatado, homem igual ao meu pai
eu por sinal amo e respeito ele, mas nada de igual
Ela julga a minha crença
eu respeito a sua diferença
Ela me dita o céu e o inferno
eu digo que céu e inferno são incertos
Ela não gosta e me repudia
eu aproveito a brecha e reivindico
Ela me diz para casar e ter filhos
eu decidi não ter, não fazer
Ela com raiva me diz que tenho que casar
cansado digo que quero ter o direito de não casar
Ela me fala das leis dela
eu mostro as minhas
Ela julga as minhas
eu interpreto as dela
Ela me diz para ser e ter jeito de homem
e eu quero ser uma menina bem vestida e singela
Com raiva ela não aceita minha resposta
pergunto a ela por que se importa
Ela quer que eu siga os exemplos bons
eu até sigo, mas os meus exemplos bons
Ela me disse para vernaculizar certo, como aprendido
eu prefiro ouvir os erros, aceitar o não conhecido
Irritada ela me fala do inferno
eu simplesmente respondo que sou eterno
Ela pede explicação
eu digo que posso ser o céu e o inferno
Ela me manda ouvir e ler os clássicos
eu prefiro os mais próximos, aqueles que ninguém sabe.
Ela me mandou ter modos e postura
eu disser que certamente não gosto de posturas
Do que você gosta então? Pergunta ela
do direito de ter direito de não gostar.
Ela me questiona a liberdade
eu afirmo não saber da liberdade, mas sei de vive-la
Ela me diz para aceitar aos que me ditam regras
eu disse que sou um transgressor de regras
Com raiva ela se retira e pergunta...
Quem é você na terra?
posso ser tudo e posso ser nada
posso estar certo ou estar errado
Então, qual a sina?
não fazer de nada disso a minha vida.