MEUS LIMOS.

56 anos separam o cara da esquerda do da direita.

Pra construir cada fio de cabelo branco,

cada ruga, cada calo, cada cicatriz,

tive que pisar nos chãos do mundo.

A vida não poupou-me de tombos, desencontros, ciladas.

Quantas vezes fiquei sem ar.

Quantas vezes minha cabeça virou um redemoinho sem fim.

Quantas vezes chorei por dentro até não poder mais.

Quantas vezes vi minha alma puída, sem cheiro, sem cor, sem rumo,

sem dono.

Quantas vezes tive vontade de ir embora de vez.

Mas o tempo se encarregou de segurar minhas pontas.

Quando tudo queria ruir, tudo se mostrava encardido,

alguma coisa vinha pra virar o jogo.

Assim fui indo em frente, muitas vezes meio capenga,

mas não parei o show, não desisti do show.

Dá gosto olhar pra trás e ver o limo encrustado nas

encostas desta história.

Dá gosto ver as vitórias, as raízes, os frutos,

maravilhosos e gratificantes frutos.

Não sei qual desfecho está reservado pra mim.

Não sei quantas flores, sorrisos e ninhos estão esperando por mim.

Não sei quantas emboscadas estão sendo armadas pra mim.

Não sei quanto vento contra está sendo armazenado para entrar em ação de repente. Vai saber.

Hoje me sinto agigantado por dentro,

mais paciente, mais capaz, mais gente, mais sábio.

Mais pronto pra enfrentar os próximos 56 anos.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 03/05/2016
Reeditado em 03/05/2016
Código do texto: T5623589
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