Um doce amargor...
Que faço, Senhor, destes cantos
Que tão gentil me regalastes?
O primeiro, doces contrastes;
O segundo, de azedos prantos!
Diga-me, que faço c'as linhas
Que despertam mágoas daninhas?
Se passeio nos versos funestos,
Levantam-se os velhos algozes,
E as feras carcomem, ferozes,
Os pensamentos desonestos...
Diga-me, que faço c'as linhas
Que despertam mágoas daninhas?
Mas, se embalo o pranto em recados
À terra, que baixinho chora,
Destes lábios meus, cor de amora,
Brotam versos ensanguentados...
Diga-me, que faço c'as linhas
Que despertam mágoas daninhas?
E, assim, vou provando os anseios
Sem saber quais cantam verdades;
Se os versos das doces saudades,
Se os versos dos atros receios...
Diga-me, que faço c'as linhas
Que tecem saudades minhas?