Sharon Van Etten
Não mais, Sharon.
Nem mais uma lágrima
embalada pelos os teus tons
cinzas-azulados.
Não.
Sem mais gritos
que procuram vida própria
fora de mim
e o desespero grudado no telhado,
escalando as paredes,
fundindo-se à madeira...
O desespero, Sharon, descombina
com o turvo anseio de vida que há em mim.
Como posso sentir
tanto gozo em sua dor
que é minha dor?
Dores.
Não posso cantá-la que me perco
e atinjo, até mesmo,
o que nem sabia sentir
mas que me mirava há tanto.
Irei dançar, Sharon.
Irei dançar com lágrimas fosqueando os meus olhos,
em cima da cama,
por cima dos corpos, em círculos.
Os espasmos serão permitidos.
Retirarei fotos
para comprovar algumas teorias obtusas.
A minha mão tocando o corpo
que meu é como se fosse outro.
E o teu lixo me alimentando.