SANGUE NO JALAPÃO, A ORIGEM DO CAPIM DOURADO

Há muito e muito tempo

Numa era de contentamento

Jaci, a bela deusa lua fora capturada

Numa noite clara por um deus menor

Do panteão brasileiro chamado Dorado.

O deus ciumento da alegria dos deuses-reis

Fez de Jaci sua prisioneira numa região isolada

Do Brasil ancestral aonde hoje se encontra o Jalapão.

Lá a fez cativa numa cela de galhos de árvores

Retorcidas do cerrado embrionário trançados

Com o poderoso capim verde da esplendorosa região.

Tupã, Senhor de todos, ficou desolado.

Pediu ajuda a todos os seus filhos e servos

Para procurarem sua amada levada.

O sol a tudo observava. À noite não tinha mais lua.

Até que um dia chegou num sussurro dos ventos do Sul

O paradeiro ermo do raptor, e de sua vítima.

Tupã, sem demora, montou numa nuvem-corredeira

Com toda a sua glória guerreira em posse de sua juba do sol.

Dorado corajosamente enfrentou Tupã, contudo, perdeu.

O deus menor fora despedaçado sobre o capim da relva

De todo o lugar tingindo com seu sangue imortal a vegetação rasteira

De um tom amerelo-dourado onírico. Símbolo eterno da vitória

Do grande Tupã sobre o sequestrador de esposas.

E assim, nasceu o Capim dourado, no atual Jalapão no Tocantins.

Tupã, vitorioso, voltou ao seu trono no firmamento

Em posse de sua formosa esposa, que num vasinho

Trazia consigo uma muda de Capim dourado

Para enfeitar o Jardim da Lua de todo o Palácio das Nuvens.