o olhar da mãe

O olhar da mãe

A impressão

É de que tudo fora belo...

O olhar tranquilo,

As bochechas vermelhas,

As mãos calejadas,

A razão... Sempre a razão

No lugar da indignação.

A resposta exata

À pergunta mal formulada.

A questão das horas vividas,

Dos sonhos vencidos,

Das águas passadas,

Das mágoas esquecidas...

A impressão

De que tudo fora sereno...

As madrugadas mal dormidas,

Os partos desacompanhados...

A vida... Sempre a vida,

Acima das irrelevâncias

Dos sonhares parcos

De lembranças.

O que mais me lembra

Minha mãe

Era a sinceridade dos atos

E o silêncio ante boatos...

A vívida sabedoria de anos

Tabulando as crias afilhadas...

Um olhar de orgulho

A cada obstáculo vencido,

A cada caminho acertado...

A cada memento vivido.

Na minha mãe vejo outras mães,

Carregando berços

Pela vida afora...

Pelos desassossegos...

Pelas vitórias.

Pelo aconchego das horas...

Pelas escolhas, pelas encolhas,

Pela fé na mão que se dá

Ao ser que vem à luz,

E passa.

Senhoras... Elegantes Senhoras,

Eu vos pranteio!

Pelo que me veio a dar

Vossa atenção de se dar

E ser esteio.

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sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 01/05/2016
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