SUOR EMPEDRADO
Era um pobre diabo que mal sabia da cartilha da vida,
seus passos eram tropeçados, mal ajambrados,
tristes de ver.
Percorria as querelas do mundo feito bala perdida,
feito gosto ruim.
Entendia quase nada dos sinas do chão,
das vértebras da compaixão,
dos unguentos da fé.
Mesmo assim se fazia feliz,
catando muitas vezes só as sobras das palavras,
era feliz com todos seus contrapesos e becos sem saída.
Enfrentou monstros que se diziam anjos,
esmigalhou pedras que se passavam por brisas,
fez sumir lâminas pontiagudas que fingiam ser de Deus.
Assim pôde refazer seu suor empedrado,
só assim pôde arejar sua alma empoeirada,
só assim pôde sossegar seu coração
de vez.
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